segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Bula (II)

Caro leitor, vamos continuar neste post a ver qual é a relação de uma bula com um dicionário.

Se você for um pouco mais antigo, como esta que vos fala, vai lembrar que antes a maioria das bulas era feita em um papel bem fininho, as letras eram miudinhas e todo o espaço era aproveitado. Isso acontecia para que coubesse o máximo de informação possível sobre o medicamento naquela bula, naquele espaço de papel.
Com os dicionários ainda acontece a mesma coisa, se forem dicionários impressos. O espaço precisa ser bem aproveitado para que comporte uma quantidade maior de palavras sem deixar o dicionário muito volumoso e pesado, permitindo não só a inserção de uma quantidade expressiva de palavras e termos como também alguma portabilidade do dicionário ao consulente.
Um dos modos de alcançar este objetivo é reduzindo o espaço destinado às margens, usar uma fonte reduzida e um papel de gramatura fina e leve, que permita a inserção de muitas folhas e não deixe o dicionário tão pesado.
Certo, mas eu falei das bulas mais antigas. Isso porque as bulas, antes, eram mais direcionadas aos médicos e não tanto ao público que iria usar o medicamento. O importante era que o médico tivesse acesso a muitas informações sobre o remédio e ele, então, explicaria ao paciente como usar a medicação.
Mas as bulas mudaram, porque o público-alvo mudou. Os médicos começaram a ter acesso às informações sobre o medicamento por uma bula especial para eles, ou por outros meios e as bulas passaram a ser direcionadas para o público consumidor dos medicamentos. Com a mudança de público-alvo, começou-se a usar uma fonte de tamanho maior, o que acarretou uma gramatura de papel mais grossa e um uso do espaço no papel mais conservador.
Outra coisa que, obviamente, teve que mudar, foi a linguagem usada na bula. Como o público-alvo passou de médicos e profissionais da saúde ao público em geral, foi necessário que uma linguagem clara e acessível fosse implantada. O consulente de uma bula precisa entender exatamente como tomar o medicamento, quais os efeitos colaterais e as reações adversas para poder usar plenamente o remédio.
Com os dicionários aconteceu uma coisa parecida, mas a questão fundamental, que permeia a mudança tanto nas bulas quanto nos dicionários é a determinação do público-alvo. É esta determinação que orienta ou deveria orientar os profissionais que produzem dicionários em cada passo, em cada decisão a respeito de como compor a apresentação de um dicionário.
No próximo post vamos falar sobre as questões que orientam a elaboração de um dicionário, isto é, que perguntas o elaborador do dicionário deve fazer a si próprio na elaboração de um.

Referências:

Welker, Herbert Andreas. Dicionários – Uma pequena introdução à Lexicografia. Brasília. Editora Thesaurus, 2004.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Da confiabilidade dos dicionários


"O significado da palavra não está no dicionário, mas no texto que está sendo lido. O dicionário apenas dá pistas; quem dá o significado da palavra é o texto.”